segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Como construir casa utilizando Alvenaria Estrutural




A alvenaria estrutural é um sistema construtivo tradicional, utilizado há milhões de anos. Inicialmente eram utilizados blocos de rocha como elementos de alvenaria, mas a partir do ano 4.000 A.C. a argila passou a ser trabalhada possibilitando a produção de tijolos.
 
 O sistema construtivo desenvolveu-se inicialmente através do simples empilhamento de tijolos ou blocos, sendo os vãos executados com peças auxiliares, como vigas de madeira ou pedra. Ao passar do tempo, foi descoberta uma alternativa para a execução dos vãos: os arcos. Estes seriam obtidos através do arranjo entre as unidades. Assim foram executadas pontes e outras obras de grande beleza, obtendo maior qualidade à alvenaria estrutural. Um exemplo disso é a parte superior da igreja de Notre Dame, em Paris. Ao longo dos séculos obras importantes foram executadas em alvenaria estrutural, entre elas; o Parthenon, na Grécia, construído entre 480 a.C. e 323 a.C. e a Muralha da China, construída no período de 1368 a 1644.
 
 Até o final do século XIX a alvenaria predominou como material estrutural, porém devido à falta de estudos e de pesquisas na área, não se tinha conhecimento de técnicas de racionalização. As teorias de cálculos eram feitos de forma empírica, com isso não se tinha plena garantia da segurança da estrutura, forçando um superdimensionamento das mesmas. Em 1950 surgiram códigos de obras e normas com procedimentos de cálculo na Europa e América do Norte, o que promoveu em um crescimento marcante da alvenaria estrutural em todo mundo.
 
 No Brasil em 1966 foram construídos os primeiros prédios em alvenaria estrutural, com 4 pavimentos em alvenaria armada de blocos de concreto, no Conjunto Habitacional “Central Parque da Lapa”. É estimado que no Brasil, entre 1964 e 1966, tenham sido executados mais de dois milhões de unidades habitacionais em alvenaria estrutural.
 
 A alvenaria estrutural atingiu o auge no Brasil na década de 80 com a normalização oficial (ABNT e posteriormente referendada pelo INMETRO). Outras tecnologias foram importadas e adaptadas em anos subsequentes, mas até o presente não foram, ainda, normalizadas. Assim o Sistema começou a ser utilizado em grande escala na  construção de  conjuntos habitacionais para usuários de baixa renda. Devido ao seu grande potencial de redução de custos diversas construtoras e produtoras de blocos investiram nessa tecnologia. A inexperiência por parte dos profissionais dificultou sua aplicação com vantagens e causou várias patologias nesse tipo de edificação, fazendo com que o processo da alvenaria estrutural desacelerasse novamente. Apesar disso, as vantagens econômicas proporcionadas pela alvenaria estrutural em relação ao sistema construtivo convencional incentivaram algumas construtoras a continuarem no sistema e buscarem soluções para os problemas patológicos observados.
 
 
Atualmente, no Brasil, com a abertura de novas fábricas de materiais assim como o desenvolvimento de pesquisas com a parceria de empresas do ramo (cerâmicas, concreteiras, etc.) fazem com que a cada dia mais construtores utilizem e se interessem pelo sistema.
 
 A Alvenaria Estrutural deve ser considerada como um Processo Executivo Racionalizado. Portanto, deve ser projetado, calculado e construído em conformidade com as normas pertinentes, visando funcionalidade com segurança e economia. Desta forma é fundamental a perfeita integração entre Arquitetos e Engenheiros, objetivando a obtenção de uma estrutura economicamente competente para suportar todos os esforços previstos sem prejuízo das demais funções como compartimentação, vedação, isolamento termo acústico e  instalações elétricas e hidráulicas.


 Vantagens em relação aos processos tradicionais são:
 • Economia no uso de madeira para formas;
 • Redução no uso de concreto e ferragens;
• Redução na mão de obra em carpintaria e armação;
• Facilidade de treinar mão de obra qualificada;
• Projetos são mais fáceis de detalhar; Maior rapidez e facilidade de construção;
• Menor número de equipes ou subcontratados de trabalho;
• Ótima resistência ao fogo;
• Ótimas características de isolamento termoacústico;
Desvantagens em relação aos processos tradicionais são:
 
As paredes portantes não podem ser removidas sem substituição por outro elemento de equivalente função;
Impossibilidade de efetuar modificações na disposição arquitetônica original;    
 O projeto arquitetônico fica mais restrito;
• Vãos livres são limitados;
• Juntas de controle e dilatação a cada 15m.


Alvenaria Estrutural Não Armada
 Este sistema vem sendo tradicionalmente utilizado em edificações de pequeno porte, como
residências e prédios de até 8 (oito) pavimentos.
Existem normas tanto para o cálculo estrutural (NBR 10837 – “Cálculo de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto”) como para a execução ( NBR 8798 – “Execução e controle de obras em alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto”).
O tamanho do bloco a ser utilizado é definido na fase de projeto pois é necessária a paginação de cada uma das paredes da edificação.
 Na alvenaria estrutural não armada à análise estrutural não deve acusar esforços de tração.

 
 Alvenaria Estrutural Armada

 Pode ser adotada em edificações com até mais de 20 pavimentos.
 São normalmente executados com blocos vazados de concreto ou cerâmicos, sendo a execução e o projeto regidos pelas mesmas normas citadas anteriormente.
O tamanho do bloco a ser utilizado, assim como na alvenaria não armada, é definido na fase de projeto pois também é necessária a paginação de cada uma das paredes da edificação.
Estruturas Mistas
 É muito comum a ocorrência de estruturas mistas em edifícios com 3 (três) a 5 (cinco) pavimentos, que tenham a necessidade do 1o (primeiro) pavimento com uso diferenciado. Tem pilares das fundações ao piso do 2o (segundo) pavimento, que é totalmente estruturado, e os demais pavimentos são apoiados em alvenarias portantes.
Apesar deste modelo ser amplamente adotado em edificações de pequeno porte, e de ser mais econômico do que o modelo totalmente estruturado, tem limitações grandes, e devem ser adotados cuidados especiais não só durante o projeto, mas também durante a sua execução.
A definição da capacidade resistente das alvenarias e a análise bem detalhada do projeto arquitetônico, para que as cargas sejam definidas da forma mais precisa possível, é de suma importância para o bom desempenho deste tipo de estrutura.

 

Oportunamente estarei postando textos sobre serviços complementares na alvenaria estrutural, bem como apresentando equipamentos e ferramentas necessárias para a boa execução deste tipo de construção.

 

A seguir apresento um vídeo elaborado pela ABCP sobre assunto. Espero que vocês gostem e deixem seus comentários


 




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