Comprar a casa própria é o grande sonho de todo brasileiro e também
uma das questões mais polêmicas quando invariavelmente temos que tomar a
decisão entre continuar morando de aluguel e comprar um imóvel, seja pagando a
vista ou recorrendo a um financiamento.
Para escrever este POST, pesquisei as
opiniões de diversos especialistas e pude observar que as mesmas são as
mais divergentes possíveis, chegando a alguns radicalismos inacreditáveis .
Alguns defendem que é mais vantajoso comprar o imóvel. Outros contra-atacam
afirmando que o que vale mais a pena é alugar. Não gostaria de, logo no inicio
desta matéria cometer o gravíssimo erro de cravar conclusões antes de mostrar
as vantagens e desvantagens de cada opção.
Se você se enquadra na população de baixa renda e não consegue poupar
nada durante o mês, ou seja, seu salário é todo consumido com aluguel, contas e
despesas, então, vale a pena comparar o valor do atual aluguel com o valor da
parcela do financiamento. Se o valor do financiamento for menor que o valor
pago pelo aluguel atualmente, é muito provável que o financiamento seja a
melhor opção para seu perfil. Hoje em dia, o governo oferece subsídios para
essa faixa da população, como é o caso, por exemplo, do programa Minha Casa
Minha Vida, criado em 2009.
Se você já possuir o valor para compra do imóvel à vista, mas optar
pelo aluguel, então, é muito importante que se deixe esse dinheiro acumulado
aplicado conservadoramente. Esse dinheiro não pode ser arriscado, pois você
depende dele para, talvez, conseguir um patrimônio maior no futuro. Opções como
poupança, fundos de renda fixa e títulos do tesouro direto, devem ser suas
escolhas. Se ainda não possui um valor razoável para a parcela de entrada,
pense em trabalhar mais ou poupar um pouco mais antes de partir para o
financiamento. Quanto maior a parcela da entrada no financiamento, menor serão
os juros cobrados e talvez seja possível, até mesmo, financiar o saldo devedor
em menos tempo.
O valor do aluguel em relação ao valor da parcela do financiamento ou
em relação à rentabilidade de uma aplicação financeira faz muita diferença no
longo prazo. Se optar pelo aluguel é muito importante não exagerar no padrão de
vida, caso queira conquistar um capital maior no futuro. Procure um aluguel que
seja menor em termos percentuais do que a parcela do financiamento ou do que a
rentabilidade mensal de uma aplicação financeira.
A seguir apresentamos algumas situações que podem lhe auxiliar nessa
importante tomada de decisão. Mas não se esqueça de ponderar também as questões
emocionais, o cenário econômico, a perspectiva de ascensão profissional e até
social antes de tomar qualquer decisão em relação a compra do imóvel ou
permanecer pagando aluguel.
• Vamos supor que uma
pessoa possui R$150.000 disponíveis para a compra do imóvel, e que, além disso,
possui um poder de poupança de R$400 por mês e esteja em dúvida se deve comprar
ou alugar um imóvel. Vamos assumir um período de 240 meses (20 anos), uma
aplicação financeira que renda 0,60% líquidos ao mês e um valor mensal de
aluguel de R$900. Se ela optar pela compra do imóvel, gastará os R$150.000
disponíveis e ficará sem um tostão, mas a partir daí aplicará R$400 todo mês.
Ao final de 20 anos ela terá R$213.504,94 em aplicações financeiras mais o
imóvel no valor de R$150.000, totalizando R$363.504,94 de patrimônio total. Se
tivesse optado pelo aluguel, teria ao final de 20 anos o equivalente a
R$359.745,18, ou seja, um pouco menos que o patrimônio total acumulado no caso
da compra do imóvel.
Para brincar com os números e ver como o valor do aluguel é
extremamente importante para a conquista da independência financeira, vamos
supor dois novos valores para o aluguel, o primeiro de R$750, assumindo que a
pessoa aceitou diminuir seu padrão de vida, e o segundo de R$1.050, caso a
pessoa tivesse optado por aumentar seu padrão de vida. No primeiro caso (R$750
de aluguel), após 20 anos ela teria o equivalente a R$439.809,53, ou seja,
quase 21% a mais em termos de patrimônio. Já no segundo caso (R$1.050 de
aluguel), teria o equivalente a R$279.680,83, cerca de 23% a menos em termos de
patrimônio. Ambos os casos foram comparados com o primeiro, onde o valor do
aluguel era de R$900.
Se a mesma pessoa tivesse optado por um financiamento de 20 anos,
dando 30% do valor do imóvel como entrada e parcelado o saldo devedor a juros
de 1% ao mês pela tabela SAC (Sistema de Amortização Constante), teria pagado
aproximadamente o total de R$244.461,00 pelo imóvel e teria um patrimônio de
R$150.000,00 ao final de 20 anos. Nesse exemplo foi suposto que a pessoa possuía
apenas os 30% da entrada disponível e que não possuía capacidade de poupança.
Fica claro como a capacidade de poupança faz muita diferença no longo prazo,
por menor que ela seja.
Em todos os exemplos não foi considerado o valor da inflação nem o possível
valor da valorização ou desvalorização do imóvel, afinal, esse ponto é bastante
discutível. Se desejar incluir o valor estimado da inflação ao mês para o
período, basta incluí-lo nas contas.
Quando o valor percentual do aluguel é menor que o valor percentual da
rentabilidade da aplicação (R$750 de aluguel representam 0,50% do total
disponível), a opção pelo aluguel se torna mais vantajosa.
Já quando o valor percentual do aluguel é maior que o valor percentual
da rentabilidade da aplicação (R$1.050 de aluguel representam 0,70% do total
disponível), a opção pelo aluguel se torna desvantajosa.
Como já dissemos, o valor do aluguel pode ser determinante para a
conquista de maior patrimônio no futuro, e ele depende do padrão de vida que se
está disposto a obter em troca de um maior capital futuramente. É nesse ponto
que muitos planos de independência financeira vão por água abaixo.
Olá Dirceu.
ResponderExcluirPost muito interessante.
Seus comentários e posicionamentos fazem com que paremos para refletir sobre a opção que melhor se encaixa a cada pessoa/família.
Muito bom...
Parabéns...